Na Tv no mesmo canal e no mesmo horário passa a mesma merda: Puro sensacionalismo.
Esses dias eu estava assistindo a TV e vi um caso interessante que me chamou a atenção, no jornal passava aquele mesmo apresentador, gordo, de cabelos penteados para trás e de terno preto com uma calça risca a giz, usando uma gravata preta e uns óculos bem careta. Ela indignado comentava um caso com seu jornalista, ao vivo, claro. O caso era o seguinte:
Uma mãe negava dar sorvete ao seu filho. Algo, a meu ver, tosco. Por quê?! Ta um frio do caralho lá fora, o moleque ia ficar resfriado se tomasse sorvete. Mas o jornalista pressionava a mãe:
-Como a senhora se sente sendo uma abominação da sociedade?
-Como assim abominação? Eu só nã-.
O Repórter a cortou com uma pergunta sagaz:
-O que você acha que sua família falaria se soubesse que você está negando sorvete ao seu filho?
-Mas qual o problema dis-.
Dessa vez o apresentador, Luan, interrompe o jornalista William dizendo:
– Oh William, não dirija sua palavra a essa ‘monstra’ meu filho. É uma pena mesmo. Infelizmente é a triste realidade do dia-a-dia, UMA MÃE QUE NÃO QUER DAR SORVETE AO SEU FILHO. Aonde já se viu isso?! Ajudem-me aí meu!
Aos pés da mãe o garoto chorava como se não houvesse amanhã e gritava, implorando por sorvete. O jornalista, William, ativou seus sentidos de jornalista e decidiu explorar aquele sentimento tão… Tão… Puro. Logo pediu ao cara-da-câmera para focar no garoto as lágrimas, para tentar sensibilizar a audiência. Estendeu seu microfone e perguntou ao menininho:
-O que você acha a respeito da sua mãe, por ela não deixá-lo tomar sorvete?
-Ela é uma bobona chata e fedorenta.
-Calma garotinho, calma, nós não podemos exibir palavrões nesse horário! Pega leve.
Luan volta ao ar, meio desconcertado em relação a gafe de terem deixado o garoto falarem palavrões ao vivo. Ajeitou a gravata desconfortavelmente, pigarreou e disse:
– Pedimos desculpa pela linguagem do garotinho. Mas isso não é gente? Infelizmente essas classes mais oprimidas tendem a ter um linguajar mais selvagem e vocês sabem muito bem, eu faço esse jornal para vocês! Para o povo! E não para os políticos e essas pessoas que não compram sorvete aos seus filhos. Mas, oh William, pergunte o nome do garotinho.
William abaixa o microfone ao garotinho que chorava freneticamente e perguntou seu nome, o menino respondeu rapidamente que era Matheus e voltou-se aos prantos. O Repórter levantou o microfone e perguntou a mãe:
– Como você vive sabendo que seu filho não da a chupadinha matinal dele?! Ele tem que chupar algo senão ele não crescerá nunca.
– Sabe o que ele pode chupar? – Pausa dramática para as mentes poluídas – Ele pode muito bem chupar o próprio dedo.
A câmera volta aos estúdios e eu me deparo com Luan gesticulando freneticamente e dizendo:
-Isso é a triste realidade. Infelizmente. Essa mãe… NÃO SEI NEM SE PODEMOS CHAMAR UM MONSTRO DESSES DE MÃE! Porque para mim isso não é uma mãe, é um monstro. Esse monstro nega uma chupadinha de picolé ao filho. É uma barbaridade! E ainda me perguntam por que eu sou a favor da pena de morte. PARA EVITAR QUE OCORRAM ESSES TIPOS DE BARBARIDADE. Meu deus, isso é algo muito triste mesmo. Isso ocorre porque as pessoas não têm Deus no coração, por isso fazem esses atos bárbaros. Esses Ateus! Negam Sorvete! Aos seus filhos! É uma barbaridade meu Deus. Vamos aos comerciais.
Nesse momento eu já estava de saco cheio de tanta merda que decidi fazer outra coisa, desliguei a TV e fui assistir a parede. Percebi que ela estava meio suja e que algum dia eu limparia aquilo. No final acabei me lembrando daquela música do Titãs e repeti comigo mesmo:
-Muito burro demais.
E assim chegamos ao jornalismo brasileiro. Seu estilo está se refinando, se definindo. Continue assim, cara.
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Eu tenho gostado de fazer textos de comédia. São mais legais que textos sérios para se fazer críticas, soam mais legais. Obrigado pelo comentário. ^^
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